sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Valorizem!

Bem, sinceramente não era o tipo de texto que eu imaginava ver como o primeiro texto. Mas, nem tudo é como se imagina. E é mais ou menos sobre isso que esse texto vai “falar”.

No dia 10 de Fevereiro desse ano, minha mãe recebeu a notícia de que meu avô faleceu. A morte dele já era algo que passava por nossas mentes, ele estava bastante doente, porém, acreditávamos que ele pudesse viver mais alguns meses e completar 50 anos de casado com a minha avó. Resumindo, as coisas não foram como imaginávamos. Naquela noite, esperei minha irmã e minha mãe saírem de casa para poder chorar sozinho. Meu choro não foi diretamente pela morte do meu avô. Talvez tenha sido melhor pra ele. Ele morreu aos 82 anos dormindo, não sentiu dor e já havia algum tempo em que ele não andava, falava e se alimentava sem usar os tubos. O que me fez realmente chorar foi a sensação de que ele morreu sem eu ter dito a ele o quanto ele era importante. Enquanto ele estava no hospital, várias coisas foram pra mim “mais importantes” do que visitar ele. Fui visitá-lo no domingo. Fiquei só 35 minutos com ele, pois eu gastei 2 horas vendo jogo de Chelsea X Arsenal. Quando eu estava de saída, ele olhou pra mim e disse: “Obrigado”.Eu agi como qualquer pessoa e disse: “Que isso...e tal e tal”. Após a morte dele, aquele fato me veio à cabeça. Ele me agradeceu por dar 35 minutos dos últimos 4 dias dele. Quem deveria agradecer não era ele, era eu. Não só por aqueles 35 minutos, mas por tudo que ele fez na vida inteira por mim e por toda minha família. Não soube usar meu tempo pra agradecer a ele. Já deve ter gente pensando: “ Que péssimo neto ele era”. Não acho que fui um péssimo neto, pelo contrário, ele sempre disse que gostava muito do jeito que eu era. Penso que quem perdeu em não poder falar, ficar mais tempo com ele, fui eu. Ele morreu feliz, realizado.

Bom, o motivo principal do texto, na verdade é um alerta. Não desejo que ninguém passe pela mesma coisa e por isso digo que devemos parar de nos preocupar com coisas menos importantes e com coisas que chegam a ser fúteis. Não acho que um jogo de futebol seja algo fútil, mas era muito e muito menos importante do que passar mais tempo com meu avô. Dar atenção as pessoas que nós amamos é algo que tem de ser feito sempre. Nunca se sabe a hora do fim de ninguém. Dizer um “eu te amo”, um “muito obrigado”, um “você me faz feliz”, é o mínimo que se pode fazer. As pessoas colocam coisas ridículas em lugar privilegiado. Se preocupam em ser os(as) mais bonitos(as), ser os(as) mais inteligentes etc. Outras rebaixam ainda mais a situação, só pensam em beijar na boca, encher a cara, e sentir o(a) melhor. Isso não é vida. Outros se preocupam com quando vai arrumar um (a) namorado(a), ou quando vai ter um monte de dinheiro, ou se todo mundo te acha legal, se as meninas(os) falam de você. Não estou dizendo que se você pensa nessas coisas, você é a pior pessoa do mundo. Creio que se você fica pensando em excesso nisso, o dia todo, sua alto-estima ou seu ego está ferido. Mas, não é isso o principal. O caso é saber abrir mão dessas coisas, saber deixá-las de lado para acabar não colocando elas no lugar de coisas muito mais importante, como por exemplo ter o prazer de dizer um “muito abrigado por tudo, vovô” e passar pelo menos mais um bom tempo perto das pessoas que realmente dariam a vida e “deram a vida” por você. Acreditem que pode acontecer com vocês também, pois pode, com qualquer um.

Valorizem!

Bruno Jalles.